A ética do estoicismo

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

 

A mais significativa produção filosófica dos estóicos está no campo da ética. Por mais de quinhentos anos o mundo soube ouvir a mensagem eficaz do estoicismo. Para a escola, como para o epicurismo, a felicidade está em viver segundo os princípios da natureza. A observação dos seres vivos nos mostra que todos tendem a auto-conservação; evitando o que é contrário à sua sobrevivência e assimilando o favorável à sua conservação. Ação inconsciente nos vegetais e plantas, impulsivo e instintivo nos animais, e consciente no homem, no qual interfere a racionalidade. Desse princípio, deve ser deduzida a ética. O viver uma vida ética para o homem é um viver conciliado com a natureza, a qual porta o logos(ver nota) divino, imanente à toda matéria. Portanto o viver humano é um viver conciliado com a razão plena.

Posto que toda vida persegue o melhor para si mesma, considerando sua auto-conservação,e isto é originalmente primário no ser vivo, “bem é aquilo que conserva e incrementa nosso ser e,ao contrário, “mal”aquilo que o danifica e o diminui”. Como o homem se diferencia dos outros animais por manifestar-se nele o logos, há nele duas conservações a serem realizadas: uma promove e incrementa a vida animal e outra conserva e promove a vida racional. Para o homem só a virtude é o bem moral por que incrementa o logos e o mal aquilo que lhe causa danos. As coisas relativas ao corpo são consideradas indiferentes.

O Homem é impulsionado pela natureza a conservar o próprio ser e amar a si mesmo. Este impulso é direcionando para além de si mesmo e atinge sua família e a sociedade toda. A natureza impulsiona o indivíduo a se relacionar e ser útil aos outros. Saindo de sua exclusiva interioridade na lei epicuréia o homem no estoicismo encontra a comunidade e nela, a possibilidade de realização da vida ética e a felicidade.

Colocaram, os estóicos, com base nos conceitos de physis(ver nota) e logos, em crise os antigos mitos da nobreza de sangue e da superioridade da raça, e a instituição da escravidão. Os novos conceitos de liberdade e escravidão ligam-se à sabedoria e a ignorância. Livre é o sábio, e escravo o tolo.

Cuidando de viver uma vida na retidão ética, o sábio evitará toda paixão. A felicidade é apatia e impassibilidade. A apatia é extrema nos estóicos e piedade,compaixão e misericórdia são coisas a evitar pois, são paixões. O estóico não tem diante da vida uma posição propriamente entusiasta como os epicuristas.

Fonte do texto : http://www.silvino.blog.br/2008/06/epicurismo-e-estoicismo.html

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Nota

physis:A palavra grega Physis pode ser traduzida por natureza, mas seu significado é mais amplo. Refere-se também à realidade, não aquela pronta e acabada, mas a que se encontra em movimento e transformação, a que nasce e se desenvolve, o fundo eterno, perene, imortal e imperecível de onde tudo brota e para onde tudo retorna. Nesse sentido, a palavra significa gênese, origem, manifestação. Saber o que é Physis, assim, levanta a questão da origem de todas as coisas, a sua essência, que constituem a realidade, que se manifesta no Movimento. Nas palavras do professor Miguel Spinelli: "tudo o que nasce está destinado a ser o que deve ser e não outra coisa. Esse nascer destinado, pelo qual o que nasce se submete a um processo de realização, é a phýsis, e, como tal, a archê. (...) tanto a phýsis quanto a archê não são expressões do anárquico (...), tampouco do ocasional... O que esses termos conjuntamente designam é o que ocorre sempre ou de ordinário (...), mas com uma eficácia tal que "dispara" sempre (como se fosse um gatilho biológico) o que é melhor dentre todo o possível" (SPINELLI, Miguel.Questões Fundamentais da Filosofia Grega. São Paulo: Loyola, 2006, pp.36-37). A phýsis expressa um princípio de movimento relativo ao fazer-se das coisas nas quais mudam as aparências, enquanto que cada (ser ou) coisa permanece sempre sendo ela mesma.

Logos: O Logos (em grego λόγος, palavra), no grego, significava inicialmente a palavra escrita ou falada -- o Verbo. Mas a partir de filósofos gregos como Heráclito passou a ter um significado mais amplo. Logos passa a ser um conceito filosófico traduzido como razão, tanto como a capacidade de racionalização individual ou como um princípio cósmico da Ordem e da Beleza.

Fontes dos significados: http://pt.wikipedia.org


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